terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Minha escrita é fraca

Minha linguagem é simples. Meu polegar, calejado. A escrita, melancolicamente, fraca. Sem rodeios. Não há rebuscamentos, muito menos exagero. As palavras exprimem o óbvio. Às vezes de maneira eloquente e outras vezes sutilmente. Escrevo como alguém prestes a afundar. Assim, minhas palavras gritam, sufocam-me, e emergem expressando somente parte do que sinto. Minha escrita é fraca. Tenho meus erros. Tenho defeitos. Mesmo assim, escrevo, escrevo sem parar. Afundaria se não o fizesse. Mas o sentido daquilo posto no papel, vez ou outra foge. E sem rodeios, rodopia. Até que me esbarro num ponto sensível. Epifanicamente, percebo que da escrita fraca, algo brilha. Uma palavra. Uma frase. Com simplicidade, mostra um sentido antes despercebido. Acaba dizendo o que achava impossível de se dizer. De um verso qualquer, obscurecido pela minha contida visão, surge algo que clama...aquilo que não sabia clamar.
Então, todos podem. Creio que podem falar de alguma forma os mais profundos pensamentos. Sem saber escrever, escrevi algo que fez sentido. Posso cantar, pintar, dançar, mesmo sem compreender, e dizer muito mais. Do mais simples, faço brotar vida. Minha escrita é fraca e não me importo. Não me importo em não saber escrever. Só me importo que posso dizer muito mais, sem saber escrever, a dizer limitadamente o mínimo sabendo escrever o mundo.

Um comentário:

  1. E ainda sente-se no direito de escrever que sua "escrita é fraca"? Não mesmo, menina!
    Pois é, Kellen. É isso que sinto ao escrever... Posso dizer muito mais.

    Grande beijo!

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