segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Divagações...

Da janela semiaberta, o sol, atrevidamente, penetra no quarto e ilumina, por meio de uma faixa de raios solares, minha escrivaninha, minhas folhas e parte de mim. Lá fora, o céu é limpo, sem nuvens. Ouço diversos sons como o latido de cachorro ao longe, o correr de um automóvel e ruídos de vozes ecoando pelos cômodos da casa. Há minutos sentada, não sei ao certo o que fazer, ou, mais detalhadamente, o que escrever. Nesse momento, as palavras me foram roubadas e tenho vagamente a sensação de que elas não conseguiriam dizer a confusão dos meus sentimentos, diferente de outrora, quando elas vieram a expressar além do que supus imaginar. O silêncio acaba reinando. Tudo parece traqnuilo demais, estável demais. Atrevo a pensar que, por alguns segundos, o tempo parasse. As folhas ficariam supensas no ar. O vento deixaria de fluir. Os sentimentos cessariam e as prováveis mentes alertas se esvaziariam de seus segredos. Tranquilas e leves. Será que passaria a perceber melhor a vida? Ouviria seus sussurros ou continuaria pensando na vida como um projeto do futuro? Essa vida que dizem por aí, não me parece combinar com a estabilidade de um mundo suspenso do tempo. Ela requer constantemente mudanças a cada milésimo de segundo. A vida e o tempo eternamente ligados. Com passos vagarosos e ritmados, tudo tem seu curso. Nunca pára. Nem quando desesperadamente queremos, as coisas continuam e deixam para trás palavras, promessas, sonhos,...pessoas. Dizia-me um ser solitário diante das grandes encruzilhadas da vida que ele sofria o agora, porque sabia que todos aqueles profundos sentimentos , em outros amanhãs, não seriam mais sentidos. Modestamente, falou-me de suas histórias e, sobretudo, dos seus grandes amores. Amores eternos, exclamava. Eternos em seus devidos tempos. Ele sofreu por todos esses amores que hoje são meras lembranças; pegadas na areia já apagadas. As mudanças acontecem. Sentimentos se esvaiecem. Palavras se perdem. Promessas não são cumpridas. Sonhos são esquecidos. E pessoas... pessoas apenas se vão. A transitoriedade de tudo me encanta, embora me amedronte muito mais. É só pensar que quase tudo que existe perece. Mas o que realmente existe?