terça-feira, 29 de junho de 2010



Frase do pintor e escultor Guayasamin. Acho que diz tudo.
Em exposição no Museu Oscar Niemeyer.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Florescer

Você estava ali. Sentada na varanda no dia mais frio daquele inverno. Você estava ali caminhando naquela multidão de pessoas. Alguém te viu? Suspeitou que pelo menos você naquele instante a observava? Provavelmente não. Giriard, assim era seu sobrenome, dizia que todas as flores têm seu tempo de florescer. Descobri que isso era um trecho de uma música, mas nunca tinha pensado sobre esse assunto.
Acho que as pessoas estão sempre tão preocupadas com elas mesmas que não percebem que podem florescer. O egoísmo que faz pensar que somos especiais dentre todas as pessoas nos deixa ausentes do mundo. Cria-se assim uma barreira invisível da qual nunca conseguimos passar. Ficamos, assim, a mercê de nós mesmos. Não florescemos. Então passamos a ser iguais, mesmo querendo ser diferentes. Como dizia Giriard, florescer não significa ter uma mansão, um nome importante, ter sucesso de bilheteria e muito menos lançar a música pop do momento, florescer diz respeito ao que temos aqui dentro, aquilo que as vezes incomoda e que nunca nos esforçamos para mudar. Significa dar um passo fora do caminho trilhado pela maioria, vencer a si mesmo. Ser alguém que embora pareça normal aos olhos do mundo é distinto e único para os que conseguem ver essa diferença. Não basta ser importante para o próximo, mas sentir-se o suficiente importante para você mesmo da melhor forma e honestamente possível.
Giriard, não me disse tudo isso. Pude deduzir ao pensar melhor. Ouvi milhões de vezes aquela música. Florescer parece complicado demais. Nunca impossível.
Depois daquele dia, nunca mais o vi.

domingo, 25 de abril de 2010

Agora

Hoje eu estou aqui. Dia de chuva, dia normal. Estudando, correndo, escapando da chuva. Cheiro de terra ensopada, freiada brusca do ônibus, café fumegante e língua queimada.
Meu cabelo arrepiado, pulando na piscina, dando o máximo de mim nos exercíios e exaustivamente voltando pra casa. Hoje eu estou aqui. Enroscada nas cobertas e escrevendo. E amanhã? e daqui a alguns anos? onde estarei?
Há 20 anos eu respirei sozinha pela primeira vez. Vi a luz me assombrar no meu mundo aconchegante pela primeira vez. Vi um estranho que por sua vez ganhou forma de mãe, de amor. Antes disso, sabe-se lá por onde eu andava. Daí cresci. Eu venci e ganhei realmente a vida e superei minhas primeiras impressões desse mundo. A vida passa. Passou. E hoje eu estou aqui. Estranho essa continuidade. Então porque me importar com o amanhã? É tão curta a existência.
O dia fez jus a minha alma. Nublado como eu e tão confuso quanto meu coração. Quero ter 20 anos, mas também queria estar nascendo novamente agora. Sentindo tudo de novo.
A vida me parece isso. Para ser sentida, vivida a cada gota de suor. A vida é o agora, e estou aqui agora. Respirando, escrevendo e sentindo. Sempre.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ser

Há um tempo
em que é preciso abandonar
as roupas usadas
que já têm a forma do
nosso corpo e esquecer
os nossos caminhos
que nos levam
sempre aos mesmos lugares
é tempo de travessia e
se não ousarmos fazê-la
teremos ficado, para
sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

Perseverança sempre. Dar o máximo de nós mesmo em todos os lugares e em todos os momentos. Deixar o medo de sermos o que somos. É fácil dizer o que é, o difícil é ser o que falamos. Poucos têm esse dom e conseguem ver nos outros detalhes que são imperceptíveis à visão comum, em que a aparência deixa de ser foco e o que importa é somente o que você é. E mais nada...

sexta-feira, 9 de abril de 2010



Pode ser até uma cena bem comum, mas a achei linda. Na livraria um pai e sua filhinha estavam sentados entre as prateleiras de livros e os dois juntos liam em voz alta um livro infantil. Ambos estavam tão concentrados na história que nem perceberam minha presença, como sempre observadora. Gosto de cenas simples, essa me chamou atenção porque relembrou um pouco da minha infância e da da minha descoberta da paixão pela leitura. Fico um pouco indignada quando "intelectuais" ou outras pessoas criticam negativamente o quê os jovens e as crianças leem, principalmente a sucessos literários do momento. Creio que a grande maioria dos leitores se interessou pela leitura lendo livros compatíveis com a idade que tínhamos na época, e isso foi o que desenvolveu em nós o gosto ( ou até o fanatismo)pela leitura. Quando ouço pessoas que nunca leem ou que acham que detêm conhecimento a ponto de criticar os livros destinados ao público infaltil e juvenil, recordo um comentário de um antigo professor meu, que por sua vez, foi o melhor professor que tive: " Não importa o que você lê, se é isso o quê te estimula a gostar da leitura, desde que não seja apenas esse tipo de leitura daqui para frente". Temos que buscar mais, e divercificar é a palavra certa. Dar atenção a detalhes insignificantes ou não, a coisas que, embora pareçam desimportantes, possuem uma ulitilidade. O conhecimento de mundo conta muito, pelos menos em tudo o quê eu faço, ele tem se mostrado fervorosamente necessário...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

3 Formas de Ver o Mundo



Não há só 3 formas, há infinitas... Cada um possui uma determinada personalidade e outras características que podem modificar o que vemos e o que achamos do mundo. Essa forma diferente reflete o jeito que encaramos a realidade sem precisar saber o que é a parte verdadeira da realidade, como Platão, Descartes e outros procuravam... a realidade, no meu modo, é flexível ao tempo, as experiências e a bagagem que eu trago comigo. É ai que entra o sentido das diferentes visões do mundo, mostrando que somos aquilo que somos. Pra quem gosta de filosofia, Merleau-Ponty discute coisas bem interessantes a respeito desse assunto. Acordei hoje pensando nisso...

quarta-feira, 31 de março de 2010

Crepúsculo



Foto tirada em janeiro passado indo para a casa da minha avó. Meu pai como sempre nunca se sujeita a parar por poucos minutos para que eu possa fotografar, então geralmente minhas fotos de viagem nunca estão boas. Essa foto do crepúsculo saiu um pouco desfocada, até me veio na cabeça um quadro de Monet... rs

sábado, 27 de março de 2010



" Eu corri. Corri tanto que minhas pernas amoleceram quando parei. Eu voltara para a casa que um dia pensara que poderia ser meu lar, mas nada mais era igual. A casa sobrvivera ao tempo, ainda sólida, porém envelhecida. Eu até poderia jurar que as lembranças faziam parte da minha imaginação, entretanto, a casa estava lá. Só. A tinta descascada lembrou-me que assim como a casa, eu também não era mais a mesma...
Algumas coisas se foram, outras estão ainda por aqui. A casa, o pomar, eu. Sou um certo legado dessas lembranças, mas isso não muda nada.

Esse trecho faz parte de uma tentativa de conto que escrevi ano passado. Tentei colocar nele, certas angústias da vida como a própria transitoriedade dela. O conto era sobre uma mulher que percebe que as coisas que ela pensara que durariam também chegam ao fim.